quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Em busca da onda perfeita

Todos os anos muitos surfistas brasileiros invadem águas estrangeiras em busca de ondas de qualidade. Comigo não foi diferente.
No ano de 2006 fiz minha primeira trip internacional para a América Central. Desde então viajei algumas vezes para o Peru e uma vez para Costa Rica.Lembro-me bem da primeira lição que tive sobre surfar fora do Brasil. Nos picos que recebem ondulações de alto-mar é muito comum dar altas sem a presença do vento. Além disso, me parece que nesses lugares quanto maior a ondulação mais perfeitas são as ondas. A existência de canais onde você atravessa a arrebentação sem ter que furar uma onda sequer é outro ponto positivo.
A variação da maré é algo que começamos a valorizar nessas viagens. Por fim, passamos a respeitar a preferência e fazer fila no outside para evitar discussões na hora de pegar "a boa" da série.Neste ano achei que era hora de tentar algo mais ousado. Liguei para meu amigo Maurício Elhke, companheiro de outras trips e perguntei se gostaria de me acompanhar em uma viagem para a Indonésia. Ele foi direto ao ponto: "é o melhor lugar do mundo para surfar?". Respondi: “com toda certeza!". Começamos a nos preparar para o que seria a viagem dos sonhos. Todo surfista gostaria de conhecer a Indonésia.
Aquelas imagens de coqueiros, mar transparente, ondas perfeitas e água quente. Mas existe um lado negativo na história toda. O tempo de viagem é longo, o valor da passagem é alto e os corais são rasos.Embarcamos em agosto. O plano era ficar em Bali por alguns dias e então buscar a cereja do bolo: as ilhas Mentawaii. Logo no primeiro dia aprendemos outra lição sobre surfar no exterior. Na Indonésia, as ondas são muito mais tubulares do que imaginávamos e quebrei a prancha que mais gostava.Surfamos boas ondas balinesas: Airports, Keramas, Bingin, Impossibles, etc. O mar não estava lá essas coisas, mas para nós brasileiros, acostumados com ondas pequenas na maior parte do ano, aquele tamanho (1,5 metros) já era significativo. Saímos de Bali e fomos em direção às tão sonhadas ilhas Mentawaii. No hotel em Padang (exatamente onde ocorreu o recente terremoto) tivemos uma surpresa muito agradável. Estavam presentes grandes nomes do surf brasileiro: Sylvio Mancusi, Pato e quase toda família Jabour. Foi muito bacana iniciar uma trip de surf desse nível e discutir sobre os picos com pessoas tão experientes. O clima no dia do embarque estava tenso. Havia um grande swell na região, com séries que ultrapassavam os 3 metros.O capitão de nosso barco, Jorge "Peruano", é um dos mais experientes navegadores da Indonésia. Ele se dedica ao "surf charter" nas Mentawaii há mais de 10 anos.
Mesmo com toda essa carga de experiência, o cara achou melhor não sairmos muito longe do porto naquela noite para evitar imprevistos.No mesmo dia em que saímos da marina em Padang com o barco do Jorge, o seu sócio Brasileiro Kadu, inaugurava seu novo barco em águas indonesianas. Kadu transportou o time de feras que citei acima.Logo na primeira queda, os hóspedes do barco do Kadu e do nosso barco surfaram juntos nas ondas de Telescopes. No segundo dia, o barco do Kadu direcionou-se para a direita de Rifles. Nós (Paulo Pera, Mauricio, Terence, Gustavo e Fabio) tentamos fugir do crowd e fomos à outra direita épica: Lances Right. Também conhecida como Hollow Trees.Havia apenas um barco na água, o nosso. No terceiro dia, surfamos a lendária Macaronis, que também apresentava excelentes condições. E assim foram todos os dias da viagem. Ondas perfeitas, bintang gelada no final da tarde, muitos sorrisos e cortes de coral na pele. Mas e daí? Nem doíam mesmo!

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